MOYERS: Não há dúvida de que nós, homens modernos, estamos despindo o mundo de suas revelações naturais, da própria natureza. Penso naquela lenda pigméia do menino que encontra na floresta um pássaro de belo canto e leva o para casa.
CAMPBELL: Ele pede ao pai que traga alimento para o pássaro, mas este lhe diz que não pretende alimentar um simples pássaro, e o mata. A lenda diz que o homem matou o pássaro, com o pássaro matou a música e com a música matou se a si mesmo. Caiu morto, completamente morto e morto permaneceu para sempre.
MOYERS: Isso não é uma história sobre o que acontece quando seres humanos destroem seu ambiente? Destroem seu mundo? Destroem a natureza e as revelações da natureza?
CAMPBELL: Destroem sua própria natureza, também. Matam a música.
MOYERS: A mitologia não é a história dessa música?
CAMPBELL: A mitologia é a música. É a música da imaginação, inspirada nas energias do corpo. Uma vez um mestre zen parou diante de seus discípulos, prestes a proferir um sermão. No instante em que ele ia abrir a boca, um pássaro cantou. E ele disse: “O sermão já foi proferido”.
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